Há poucos dias fui abordada por uma amiga que se dizia horrorizada sobre o que havia acontecido com o menino David*, após ter-se submetido a procedimentos odontológicos, pois, certamente que a situação exigia, o menino foi medicado, obviamente com um sedativo ou narcótico.(* Vídeo apresentado pelo Youtube que pode ser observado neste Blog na barra de ferramentas ao l ado direito). O menino está visivelmente drogado no banco traseiro do carro, mas devidamente preso pelo cinto de segurança (Ponto para o Pai! ) enquanto é conduzido para casa.
Então essa amiga perguntou-me:
- Marta, você também faz essa barbaridade com as criancinhas?
Desconhecia o vídeo, motivo que levou-me a tomar conhecimento da "tal" barbárie que foi cometida pelo dentista.
Dei risada naquele momento, e disse que, se fosse necessário, eu sedaria sim a criança antes do procedimento. As pessoas estão acostumadas a ver apenas o lado "escabroso" da história que é contada pelas pessoas, clientes ou não. Não raro nós somos taxados de assassinos, de criminosos, de loucos quando alguma resposta orgânica do paciente foge ao nosso controle, ou mesmo as histórias contadas não tem nenhuma veracidade. Claro que sempre as pessoas vão falar "aquilo" que lhes convém. Ninguém procura a verdade dos fatos antes de condenar.
Mas isto não vem ao caso, neste momento.
Agora eu pergunto:
-Alguém condenou a mãe desta criança? (Como se houvesse a necessidade de condenar a alguém).
Bem, no mínimo a situação bucal estava extremamente complexa, o que requeria uma intervenção radical. Quando a criança não apresenta um bom comportamento, uma docilidade perante situações duvidosas, e que urge uma atuação rápida para evitar quadros dolorosos prolongados e sofrimento intenso à família, pode-se usar substâncias analgésicas narcóticas. www.imesc.sp.gov.br/infodrogas Estas provocam ausência de percepção ao estímulo da dor e induzem a um estado de alteração da consciência denominado "consciência estuporosa". Isso torna a criança mais maleável a um tratamento.
Também há calmantes sedativos como os barbitúricos http://http:/www.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/calmantes.htm (o principal grupo de calmantes e sedativos) que são capazes de deprimir várias áreas do nosso cérebro; como conseqüência as pessoas podem ficar mais sonolentas, sentindo-se menos tensas, com uma sensação de calma e de relaxamento. As capacidades de raciocínio e de concentração ficam também afetadas. Com dosagens um pouco maiores do que as recomendadas pelos médicos, a pessoa começa a sentir-se como que embriagada (sensação mais ou menos semelhante a de tomar bebidas alcoólicas em excesso): a fala fica "pastosa", a pessoa pode sentir-se com dificuldade de andar, apresentar tonturas e sonolência.
O David, do vídeo, estava mais menos assim. Eu, particularmente, já tratei canal de dois dentinhos de leite ântero-superiores de um bebê de um ano e seis meses. Pasmem! É muita maldade (Pura ignorância???) uma mãe deixar os dentes de seu filho chegarem a este estado. O tratamento, é claro, foi abaixo de gritaria, com a mãe e o pai segurando a criança, situação muito estressante para todos, mesmo que a criança não sentisse mais dor por estar anestesiada localmente. É uma situação que poderia ter sido evitada! Mas se a criança é maior, às vezes é impossível segurá-la na cadeira, e precisa de recursos adicionais para o o seu manuseio.
Não culpem o profissional que foi obrigado a tomar medidas radicais para buscar a solução para a dor, mas a situação que permitiu que a doença surgisse e aumentasse em proporções, culpem o descaso de muitos pais em não cuidar do que dão de comer a seus filhos. Conheço muitas crianças que nunca bebem água em suas casas, porque lá só entram refrigerantes. Como podemos ver, as transformações sofridas pelo mundo levam ao consumo exagerado de substâncias cada vez menos saudáveis e cariogênicas. Se as pessoas não tiverem conhecimentos ou o mínimo de discernimento sobre o que é bom e o que é mau para a saúde, as crianças sofrerão, mas os adultos pagarão um alto "preço". Ninguém pergunta a um bebê, o qual deve fazer aquela bateria de vacinas, se ele quer ou não fazer uma injeção; simplesmente o fazem porque é uma questão de sobrevivência para ele. Assim tem que ser com a saúde bucal:
Tem que escovar os dentes da criança, faça-o por ela quatro vezes ao dia, precisa beber água, faça-a beber toda a hora; precisa comer alimentos fibrosos, diversificados e saudáveis, obrigue-a, com carinho!
Com amor a gente consegue!
Ou não tenha os filhos se não puderes conduzí-los pela mão até que possam caminhar com suas pernas.
Um abraço!
Marta Predebon, CD
Especialista em OFM
Delegada do CRO na Fronteira Oeste