Por: Fabiano Caetano Brites - especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial
Admite-se que quanto mais grave for a alteração epitelial (camada mais externa dos tecidos) de uma lesão, maior será a possibilidade de transformação maligna. Entretanto, não existe como prever se displasias (anormalidades de desenvolvimento celular) leves ou graves progredirão para um carcinoma.
Portanto, fique atento aos sinais que
podem identificar que alguma coisa não vai bem com sua boca: feridas na cavidade bucal, com 15 ou mais dias de evolução, que não cicatrizam, precisam ser melhor investigadas. Alterações de cor (particularmente brancas ou vermelhas), consistência, tamanho ou formato, sugerem alterações celulares que podem ou não evoluir para uma neoplasia maligna.
As lesões indolores, porém de longa evolução, são um sinal importante: o carcinoma quase nunca apresenta sinais dolorosos, apenas nos estágios muito avançados da doença. Portanto, dor não necessariamente é indicativo de câncer.
Pacientes maiores de 40 anos, tabagistas pesados (20 ou mais cigarros ao dia) e ou de longa duração (10 anos ou mais), alcoolistas crônicos (especialmente aqueles que ingerem destilados como uísque, vodka ou cachaça), que usam água muito quente no chimarrão ou que se expõem ao sol com frequência estão dentro do grupo de risco para o desenvolvimento da doença.
O cirurgião-dentista é o profissional que normalmente tem o primeiro contato com a doença, e deve estar preparado para diagnosticar ou encaminhar para o profissional que o faça. O termo “tumor”, muitas vezes mal empregado, não é sinônimo de câncer, mas sim de um crescimento anormal dos tecidos, assim como “cisto”. Portanto, não dê ouvidos aos leigos que, sem o conhecimento de causa, consideram qualquer lesão com crescimento exagerado como câncer.
Tumor ou neoplasia maligna só é assim considerado quando vier acompanhada por sinais e sintomas específicos identificados pelo cirurgião-dentista, como história clínica, ausência de limites na lesão, geralmente indolor e de crescimento lento e envolvimento de gânglios linfáticos. Mesmo com estes dados presentes, a lesão maligna só é confirmada após biópsia (exame que identifica, ao microscópio, as invasões de epitélio no tecido sadio), e deverá ser tratada por médico oncologista. Ao cirurgião-dentista cabe o exame clínico e diagnóstico.
Os termos “lesão”, “tumor”, “crescimento” e “biópsia” ainda hoje denotam terríveis conotações para o paciente. O dentista com empatia pode aliviar o paciente da ansiedade e frustração ao utilizar vocabulário adequado e cuidadoso durante a discussão de casa caso. É importante o dentista saber e lembrar ao paciente que a maioria das lesões encontradas nas regiões oral e maxilofacial é benigna, tendo completa resolução com o tratamento e o diagnóstico precoces.
Não tenha medo! Se tiver alguma dúvida a respeito da sua saúde bucal, consulte o cirurgião-dentista da sua confiança. Ele é o profissional que pode esclarecer suas dúvidas e sanar os seus problemas.